
‘Superar, não esquecer e estruturar cidades contra impactos de cheias: a volta da chuva no Sul.
Por: Victoria Rizo (*)
Foto: Divulgação
Em 1941, quando nem se falava em aquecimento global, uma inundação com chuvas intensas por 22 dias afetou de forma também triste e avassaladora o Rio Grande do Sul. E 82 anos depois voltamos a ver a devastação e a decretação de calamidade pública que atingiu cidades próximas ao Rio Guaíba e a capital, Porto Alegre e Eldorado do Sul, devastada pelas cheias. Também é vista na região da Lagoa dos Patos, Sul do estado que desemboca no Oceano Atlântico por meio de um canal estreito.
Pessoas morreram por afogamento, diante de municípios inteiros inundados, fora isso, as cheias causaram perdas imensuráveis por descargas elétricas e deslizamentos de terra. O aeroporto da capital foi fechado. Florianópolis tornou-se a porta de entrada mais viável pelo espaço aéreo, com caminho de estrada posteriormente. Diante de tanta dor e devastação, houve a pergunta se era possível evitar este tipo de tragédia. Pode não parecer uma reflexão para a Gestão Ambiental, mas é. Pois quando em anos, medidas de pequeno e médio porte vão sendo tomadas, o quadro de estruturação que prepara os territórios para o pior, ajuda a, pelo menos, mitigar as fragilidades estruturais. Criar rotas de fuga, sanear pequenos problemas de capacitação e oferecer treinamento, realizar obras que possam ampliar o escoar das águas.
E ninguém sabe o que esperar e nem pretende determinar o que virá da natureza e de ocorrências como as trazidas pelo ‘El Nino’, fenômeno climático que ocorre com certa frequência e pode causar inúmeros efeitos climáticos adversos, dado como o El Niño, responsável pela situação de caos no Sul.
O que se pode afirmar é que houve o alerta de impactos imensos na região, mas, em dias, é impossível conter tamanha fúria da natureza. O ideal é cuidar bem dela e estruturar cidades, estados, serviços de meteorologia, alerta e socorro, nas macrorregiões banhadas pelas mesmas águas, para evitar dores que podem ser prevenidas. Perdas de vidas as principais delas, além de história, recursos e confiança.
A prioridade agora é a reconstrução de vidas. Mas é preciso pensar em uma gestão ambiental segura, que pense na possibilidade de devastação e se crie contenções para os males que ela traz. O ano de 1941 não deveria ter sido deixado tão para trás. Assim como em tempos de menos chuva no Sudeste se deve agir para que os verões de chuvas de mortes e dor parem de se repetir.
(*) Victoria Rizo, CEO da Henvix Ambiental e especialista em Sustentabilidade